Em meu consultório, cada vez mais pessoas procuram ajuda para lidar com o crescente clima de estresse e preocupação que a recessão tem gerado. O impacto da estagnação econômica e da onda de demissões é cada vez mais evidente. Emoções negativas associadas ao estresse no trabalho, como medo, ansiedade e tristeza, têm um efeito negativo sobre o estado emocional e o desempenho dos trabalhadores.
Empresas que sobrevivem a tempos econômicos difíceis sem abrir mão de seu capital humano, ultrapassam as demais com considerável margem dianteira. Caso as demissões sejam inevitáveis, estratégias e decisões que priorizam o manejo adequado do capital humano podem fazer a diferença.
Existe uma correlação entre o clima negativo produzido por demissões e a queda de desempenho dos trabalhadores. Demissões criam estresse não apenas naqueles que são desligados, como nos que conseguem permanecer, a chamada “síndrome dos sobreviventes”.
É um erro acreditar que modelos de gestão que privilegiam o medo podem servir de combustível para motivação e desempenho. Evidências demonstram o contrário: trabalhadores expostos a estresse prolongado no trabalho correm duas vezes mais risco de ter um ataque cardíaco do que trabalhadores não-estressados.
Em empresas onde foram implementados cortes significativos, pode existir uma certa tendência a acreditar que os sobreviventes não precisam de atenção por considerar que “eles têm sorte de não terem sido demitidos”.
Diante deste contexto estressante, aumenta a probabilidade de os executivos passarem a fazer avaliações e a tomar decisões de maneira enviesada. Isso fica ainda mais evidente quando os gestores insistem em priorizar determinados “números “ e metas de vendas.
Ajudar os sobreviventes a atravessar o período de crise, significa compreender que eles precisam de muito mais do que um gestor competente. É necessário desenvolver e cultivar uma atitude humanista, uma ética da empatia e do cuidado.
É importante lembrar que o estresse gerado pelas demissões também pode afetar os profissionais responsáveis por implementá-las. Tempos depois de transcorridas as demissões, transtornos emocionais ainda podem persistir em tanto no “chão de fábrica” quanto nos que ocupam cargos gerenciais.
Embora saibamos que demissões sejam um recurso freqüentemente utilizado durante tempos econômicos difíceis, seria prudente que estivéssemos mais atentos ao impacto dessa estratégia sobre a produtividade e a saúde emocional de toda a empresa.
Lista de Direitos Humanos Básicos:
- O direito de ser tratado com respeito e dignidade.
- O direito de negar pedidos sem ter que sentir-se culpado ou egoísta.
- O direito de experimentar e expressar seus próprios sentimentos.
- O direito de parar e pensar antes de agir.
- O direito de mudar de opinião.
- O direito de pedir o que quiser (entendendo que a outra pessoa tem o direito de dizer não).
- O direito de fazer menos do que é humanamente capaz de fazer.
- O direito de ser independente.
- O direito de pedir informação.
- O direito de cometer erros – e ser responsável por eles.
- O direito de sentir-se bem consigo mesmo.
- O direito de ter suas próprias necessidades e que essas sejam tão importantes quanto as dos demais.
- O direito de pedir (não exigir) aos demais que correspondam às nossas necessidades.
- O direito de decidir se satisfaremos as necessidades das pessoas.
- O direito de comportar-se seguindo seus interesses – sempre que não viole os direitos dos demais.
- O direito de ter opiniões e expressá-las.
- O direito de decidir se satisfaz as expectativas dos outros.
- O direito de falar sobre o problema com a pessoa envolvida e esclarecê-lo, em casos em que os direitos não estão totalmente claros.
- O direito de obter aquilo pelo que se paga.
- O direito de escolher não se comportar da maneira mais adequada.
- O direito de ter direitos e defendê-los.
- O direito de ser ouvido e levado a sério.
- O direito de estar só quando quiser.
- O direito de fazer qualquer coisa enquanto não viole os direitos de outras pessoas.