Alimentação ajuda a evitar doença
A importância da alimentação na prevenção e combate ao câncer foi um dos destaques do Congresso The Truth About Câncer (A verdade sobre o Câncer), que reuniu, no mês passado em Dallas (EUA), especialistas de diversas partes do mundo.
Segundo a gastroenterologista Denise Carvalho, de Campinas, que participou do evento, a dieta tem função estratégica como alternativa à toxidade dos tratamentos tradicionais da doença e, ainda, contra os efeitos desagradáveis aos pacientes. “A medicina vem tentando encontrar alternativas menos ‘tóxicas’ para as células normais e mais tóxicas às cancerígenas”, diz a médica.
Uma das descobertas apresentadas no congresso, conforme Denise, é a necessidade de diminuir drasticamente o carboidrato na dieta. A razão é que esse nutriente é responsável por desencadear a glicose no organismo, combustível preferencial da célula cancerígena. A substituição de carboidratos por gorduras de boa qualidade, a chamada dieta cetogênica, é apontada como intervenção auxiliar ao tratamento do câncer. “Seria uma tentativa de matar o tumor de fome, e não as células normais, que se alimentam com maior facilidade de outros nutrientes”, justifica.
O sistema imunológico, a partir de uma alimentação para esse propósito, foi outra alternativa apontada para o combate à doença. Mais fortalecido, conta a médica, o organismo do paciente tem mais chances de reconhecer o tumor e combter com o próprio sistema imunológico. Um dado que reforça essa teoria foi apresentado pelos palestrantes no Congresso “A verdade sobre o câncer” , dando conta que até seis tumores não diagnosticados, em média, são combatidos pelo organismo ao longo da vida de uma pessoa graças ao sistema imunológico. Isso ocorre, segundo os especialistas, porque as células “diferentes” foram controladas antes da formação do tumor. Portanto, diante dessas descobertas, Denise recomenda a potencialização do sistema imunológico como saída à prevenção e tratamento de alguns cânceres.
O ataque específico às células-tronco tumorais, que são capazes de se disseminarem para outros órgãos, é outro tipo de tratamento à base de fitoterápicos antiinflamatórios. O objetivo é evitar que as células cancerígenas se fortaleçam em ambientes inflamados. A médica esclarece, ainda, que todas as alternativas de tratamento do câncer são coadjuvantes e sinérgicas e, ainda, não podem ser consideradas isoladas de um contexto individualizado do paciente.
Atualmente o mundo presencia uma epidemia da doença. Só nos Estados Unidos são absorvidos 125 bilhões de dólares anualmente com o tratamento de câncer, conforme apresentado no congresso. Lá fora, o principal fator desencadeador da doença é a dieta americana padrão. Uma alimentação baseada em produtos industrializados – ricos em corantes, conservantes, aromatizantes – que são inflamatórios e, além disso, não são reconhecidos pelo organismo. “São alimentos que chamam à atenção do sistema imunológico, desviando o foco e enfraquecendo o reconhecimento e combate das células tumorais antes que se propaguem”, alerta.
Outro problema associado à alimentação é o excesso de açúcar, como já dito, combustível preferencial das células cancerígenas, e o uso de agrotóxicos em larga escala. Ou seja, a dieta errada distrai o sistema imunológico e fortalece o tumor, sendo duplamente prejudicial. Soma-se a esse quadro desfavorecedor as infecções virais, que podem aumentar a incidência de alguns tipos de câncer como, o de colo de útero.
O estresse é outro fator que afeta o sistema imunológico, consome antioxidantes naturais que deveriam proteger as células das mutações. “Junte todos esse fatores em um mesmo caldeirão e teremos uma receita pró-câncer difícil de ser revertida”, alerta a médica.
Site da Dra. Denise de Carvalho
Escrito por: Sheila Vieira
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