Lançando um olhar atento para o ser humano, a medicina integrativa – ou funcional – propõe a volta das consultas holísticas – no sentido de que o paciente não deve ser avaliado em partes, mas por completo, considerando corpo, mente e espírito. Partindo da base que todos os órgãos funcionam em integração, essa nova abordagem no tratamento de pacientes trata as mais variadas patologias, inclusive, na oncologia. A gastroenterologista Denise Carvalho, de Campinas, desembarcou ontem de Dallas, Texas (EUA), onde participou do congresso The Truth About Cancer (A verdade sobre o Câncer), onde especialistas discutiram as novas abordagens do tratamento da doença que fogem das tradicionais quimioterapias. A médica, que atua nessa linha da medicina há três anos, é uma das envolvidas na criação da Associação Médica Brasileira Integrativa, que está em fase final de implantação. Em Campinas existem, pelo menos, cinco clínicas que atuam com abordagem integrativa e, no Estado, em torno de 200 médicos seguidores dessa linha. Nos EUA, o Instituto de Medicina Funcional oferece cursos na área, e forma médicos brasileiros em sua grade.
Para conseguir a cura, no sentido mais amplo, o profissional de medicina, que segue essa linha de tratamento, investiga as bases fisiopatológicas, obtendo respostas e atacando a origem da doença, e não apenas os sintomas. “Na consulta, que demanda pelo menos uma hora de conversa, colhemos informações sobre o parto, amamentação, alimentação, estresse e outros fatores emocionais que interferem no funcionamento do organismo”, descreve a especialista. É fundamental, complementa, entender que os órgãos “conversam” entre si.
A colaboração da medicina integrativa para a qualidade de vida das pessoas pode ser resumida no equilíbrio do paciente a partir da medicina convencional com fundamentos da medicina alternativa. Um exemplo, na área específica de formação de Denise, é não tratar gastrite apenas como sendo provocada por ácido em excesso. “Muitas vezes, o problema está relacionado com deficiência de ácido e diretamente com a alimentação. O tratamento envolve reposição e suporte nutricional”, pontua.
Apesar de ser restrito, por enquanto, aos consultórios particulares, começa a ser difundido na rede pública por alguns médicos, por meio de terapias específicas. O uso do ozônio em terapia é um projeto-piloto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Caraguatatuba. Outros tratamentos – acupuntura, homeopatia e medicina ortomolecular – utilizados na medicina integrativa já são regulamentados.
Pacientes com doenças degenerativas, diabetes, obesidade, hipertensão – principalmente os idosos – melhoram a qualidade de vida e reduzem boa parte das medicações, justamente pelo equilíbrio do organismo a partir de suplementação e dieta específica para cada paciente. Pessoas em outras faixas etárias recorrem ao tratamento para prevenção de doenças. Outro papel fundamental da medicina integrativa é resgatar a confiança do paciente, como era antigamente nos atendimentos do médico da família, que acompanhava, de perto, o crescimento e as características de cada indivíduo.